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IMPROMEMES: UMA EXPERIMENTAÇÃO

Por Marina Barros


Antes de qualquer mise-en-scène textual, é uma honra escrever para o Mistura, espaço construído por muitas mãos e cabeças inquietas a fim de pensar, produzir e questionar arte!

Tenho muito orgulho de dizer que sou uma pecinha desse grande e diverso quebra cabeças e hoje, com toda licença dos que vieram antes de mim, venho deixar um pouco da efervescência dessa cuca aqui, em forma de texto!


Sem mais delongas sou a Marina Barros, me formei no Teatro Universitário e cursava o 7° período (teoricamente, risos) da licenciatura em Teatro na UFMG, em 2020, fiz reopção de curso e atualmente sou estudante de Publicidade e Propaganda na mesma instituição.


“E nessa loucura de dizer que não te quero, vou negando as aparências disfarçando as evidências…”

Isso bem que poderia ser um relato sobre corno ou uma história de amor falido, mas essa frase de Chitãozinho e Xoroxó resume um pouco da minha relação com o teatro nos últimos tempos.

Ter “largado” o teatro, logo após a minha formatura, na reta final do curso…

  • Vozes da minha cabeça: pra que, pra cumê?

  • Eu: Talvez, quem sabe..?!

É uma dor de cotovelo danada!



Sou capaz de afirmar que busquei um curso de teatro pelo interesse em improvisação, mas ao invés de iniciar a formação em cursos livres e oficinas, já pulei umas DEZ etapas entrando logo na graduação.



  • Vozes da minha cabeça: Pode fazer isso?

  • Eu: Pode!

  • Vozes da minha cabeça: É de bom tom?

  • Eu: Não sou eu que vou dizer.


Apesar disso, na graduação, as aulas de improvisação eram, para mim, as mais atrativas, até que em 2019, ingressei no ImproLab: grupo de pesquisa em improvisação, orientado pela Professora Mariana Lima Muniz, onde tive contato com o “Sistema Impro” e recorrência no treino desta linguagem.


Improvisação e memes: borá fechá?

“Meme” é um termo criado pelo biólogo Richard Dawkins, no seu livro O Gene Egoísta, em 1976.

  • Vozes da minha cabeça: Aham, biologia!

O Meme é para a memória, o relativo ao gene para genética, a sua unidade mínima. No caso da biologia, o gene é um segmento de uma molécula que forma o DNA.

Já o meme para comunicação é considerado o “gene da cultura”, que pode ser entendido como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro e no ambiente virtual se torna viral. Meme pode ser foto, vídeo, música e uma infinidade de informações difundidas no mundo da internet.



A palavra “meme” é um trocadilho entre as palavras “gene” e “mimesis” – que, em grego, significa “reprodução, imitação”.

  • Vozes da minha cabeça: Yukeeeeê?


A ideia de juntar as duas coisas surge do interesse em investigar se a relação do meme com mimese é apenas etimológica ou pode, também, ser cênica


Sou pesquisadora dos dois assuntos e “IMPROMEMES” é uma oficina que ativou inúmeras aspirações, a junção dos dois assuntos estalam na minha cabeça desde que comecei a empreitada no curso de Publicidade e Propaganda.

  • Vozes da minha cabeça: é a dor de cotovelo.


Essa ação foi pensada e elaborada para o formato remoto, juntar os dois temas foi um desafio delicioso e assustador.

Em resumo, a oficina tinha como a base o exercício de jogos teatrais de improvisação, onde foram utilizados memes como mote para criação, ou seja, para cada jogo, um meme era apresentado, como forma de ilustrar a dinâmica escolhida e instigar o imaginário dos jogadores. É válido ressaltar algumas subjetividades do encontro desse grupo, os jogadores não se conheciam, nem todos eram improvisadores e/ou já tiveram contato com improvisação e a oficina durou um período muito curto de tempo.

Em observações preliminares, é interessante perceber a predisposição para riso e abertura ao jogo a partir do contato com os memes apresentados, importante pontuar que a improvisação não visa provocar o riso ou gira em torno do universo cômico, a base improvisação é o exercício da criação de histórias, baseados na escuta, benevolência, presença no aqui e agora, dentre outros.



Print Oficina Impromemes

Sou muito suspeita para dizer que o casamento entre Impro e Memes funcionou ou que um dia vá funcionar, tenho a sensação de que isso aqui ainda é tudo mato.

Então há muito o que pesquisar, pretendo elaborar novos meios de aplicação dos jogos, adaptar a oficina para o formato presencial e continuar experimentando.

“Por que se o mundo existe, graças a Deus, por quê ele existe?

E com essa frase da grande pensadora contemporânea Inês Brasil me despeço desse texto, mas não dessa investigação.


Um beijo pra minha mãe, meu pai, meus irmãos, minha namorada, pra Ana Siqueira que topou ministrar a oficina junto comigo, pro Jeff Góes (que desde o ínicio do Blog me perguntava “Cadê seu texto no Mistura?” sempre um grande incentivador.), um beijo pros meus amigues do Teatro, porque na Publicidade não tenho mais que amigos, friends, ainda, pra todes participantes da oficina, um beijo pra Leila Lopes e pra quem leu até aqui.



 

Referências bibliográficas


  • CHAGAS, Viktor. A cultura dos memes, aspectos sociológicos e dimensões políticas de um fenômeno do mundo digital. Fapex - EDUFBA; 1ª edição, 2020.

  • DAWKINS, Richard. O gene egoísta. Companhia das Letras, 1976.

  • MUNIZ, Mariana Lima. Improvisação como espetáculo - Processo de criação e metodologias de treinamento do ator-improvisador. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015


 

Esse texto é uma ação resultante do projeto no edital 14/2020 da Lei Aldir Blanc em Minas Gerais- EDITAL DE SELEÇÃO DE BOLSISTAS PARA AS ÁREAS ARTÍSTICAS,TÉCNICAS E DE PRODUÇÃO CULTURAL


 

Marina Barros é atriz, produtora cultural e audiovisual. Formada em Teatro pelo Teatro Universitário da UFMG. Atua em montagens cênicas como atriz e improvisadora. Produtora cultural e audiovisual, desenvolve projetos audiovisuais de vídeo-marketing, documentários, filme-registro e webséries, festivais artísticos, mostras e espetáculos. Estudante de Publicidade e Propaganda na UFMG. Atualmente é diretora de produção da Pato Filmes e coordenadora geral da GIRA - Grupo de Investigação e Reflexão em arte

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