
CRISTINA TOLENTINO
Direção Geral:
“Com-passos” (TU) (2000)
“Fui professora substituta no T.U. entre 1999 e 2002. Dirigi o espetáculo de formatura ‘Com-passos’, cuja estreia aconteceu em 21 de janeiro de 2001.
Os alunos do Teatro Universitário, juntamente com a diretora, tiveram como proposta para a prática de montagem do espetáculo, a experimentação, investigação e pesquisa da linguagem expressionista numa releitura contemporânea e como tema, a solidão humana. Pesquisa fílmica e do vasto material do expressionismo, a História da Loucura de Michel Foucault, o Carnaval de criaturas desesperadas, quadro de James Ensor, pesquisa corporal e vocal, improvisações, exercícios performáticos, laboratórios de criação dramatúrgica, um rico processo em colaboração, orientado pela diretora Cristina Tolentino e pela dramaturga Valderez Cardoso Gomes, que roteirizou o espetáculo.
‘Com-passos’, um espetáculo-happening, retrata a solidão humana no mundo contemporâneo. Numa época em que a comunicação se torna cada vez mais acessível e ágil, o homem se torna cada vez mais só. ‘Com-passos’ é uma viagem, ambientada em uma nau, onde ‘loucos’ são conduzidos por “uma enfermeira da Rede”, durante os sete dias da semana. Número sete, símbolo de uma totalidade em movimento, ciclo de conclusão e reinício, renovação. Uma viagem por mares tumultuados: quem enlouquece ou se mantém imune diante da solidão e do caos nossos de cada dia. Trazendo as características da linguagem expressionista, as personagens emergem extáticas e possessas, mas dotadas das verdadeiras marcas do humano, recusando a realidade ‘morta’, onde o Eu confronta-se isolado com o mundo alienado, através de uma série de estações, sete dias, sete etapas, o Convite, a Decisão, a Viagem, a Solidão, o Duplo, o Combate, a Libertação.
O espaço da montagem é o próprio prédio do Teatro Universitário que se transforma simbolicamente em uma nau, a construção de uma cenografia expressionista, escadas, corredores, porões, planos, espaço dinâmico e rítmico. A iluminação traz o claro-escuro, a luz e a escuridão, sombras, ressaltando os estados de alma das personagens. A trilha busca unir ação, sensações e musicalidade, trazendo o universo da música pop contemporânea e experimental. O figurino, também carregado de simbologia, foi inspirado na filmografia do expressionismo.”
Cristina Tolentino Trindade é mulher, Artista, Feminista, Ativista; Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Arte - ECA - Universidade de São Paulo - USP - São Paulo com a dissertação: "Em Busca de uma Escritura Cênica a partir de Artaud"; pedagoga, pesquisadora e diretora de teatro; fundadora e diretora dos grupos: Grupo Bayu- Núcleo de Pesquisa Teatral (desde 1994) e Grupo de Teatro Mulheres de Luta da Ocupação Carolina Maria de Jesus (desde 2017). Fez cursos e oficinas com mestres e diretores teatrais com reconhecimento nacional e internacional, entre eles: Roberta Carreri, atriz do Odin Teatret, Dinamarca; Ariane Mnouchkine, diretora do Théâtre du Soleil, França; Miguel Rubio, diretor do Grupo Yuyachkani e Illeana Diéguez, Peru; Eugênio Barba e Julia Varley, Odin Teatret, Dinamarca; Jersy Grotowski e Thomas Richards, Itália; Kazuo Ohno e Yoshito Ohno, Teatro-Dança Butoh, Japão; Jean François Dusigne e Beatrice Picon-Vallin, França, Antunes Filho, CPT, Brasil. Foi professora no curso de graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2000-2002) e no Curso Profissionalizante de Formação de Ator do Teatro Universitário (T.U.) da UFMG (1999-2002). Foi professora da disciplina Figurino para Teatro e Cinema no Curso Design de Moda da UNI-BH (2007-2009). Ministrou a oficina “Dramaturgia do Ator” em Festivais, Escolas de Teatro, Cia. de Dança, Funarte e outros.Dirigiu mais de 25 espetáculos e mais de 30 performances, entre eles: AntígonaS, dramaturgia de Pedro Kalil e Gabriela Figueiredo, Grupo de Teatro Mulheres de Luta (2019); Todas as Vozes, Todas Elas, dramaturgia de Cristina Tolentino, Grupo de Teatro Mulheres de Luta (2017); Para lembrar eu Solo, texto de Pedro Kalil, Grupo Bayu (2013-2014); Eu te amo na sua trágica beleza, dramaturgia de Pedro Kalil, Grupo Bayu (2002/2004); "Cuenda - A História do Congado em Minas Gerais", roteiro de Cristina Tolentino, Grupo Bayu, ano de 1998 /2001; “Com-Passos”, espetáculo de formatura do T. U. (2001); "As Troianas", de Eurípides, Grupo Bayu, ano de 1995/1996; "O Sonho", de August Strindberg, Grupo Bayu, ano de 1993/1994. Sou integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário; da #partidAMG-Coletivo Democracia Feminista Antirracista, do 8M Unificado RMBH e das Muitas.
Foto: Acervo Pessoal
Última atualização: 07/07/2021