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PAPOULA BICALHO

Codireção:

“Ó, A Família do Seu Nelsinho Tem Insônia!” (TU) (1998)

 

“Quando eu e Paulo César Bicalho planejamos a construção do espetáculo “Ó: a família do Seu Nelsinho tem insônia!” (a inspiração era Nelson Rodrigues; nenhuma peça, especificamente, mas sua atmosfera), no Teatro Universitário, queríamos que o espetáculo se baseasse e se inspirasse em ações físicas ocorridas na experiência íntima e constrangedora dos atores. Não se tratava de documentário. Interessava-nos o rastro que essa experiência deixara no inconsciente do ator no aqui e agora da época da montagem do espetáculo. A trama, o texto, o formato, dependeriam de suas criações. Mas também queríamos um espetáculo substancialmente diferente daqueles em que o espectador participava sem esforço, passivamente, pela empatia com os atores, com a trama, com a trilha... Como no cinema. Sonhávamos com uma produção em que a ação fosse de tal forma deslocada de seu contexto que desafiasse o imaginário do espectador para dar-lhe sentido e, assim, torná-lo mais ativo. Seus desejos, seus medos, suas esperanças, suas angústias, suas sombras é que dariam a forma final. Cada espectador teria o seu espetáculo.  

 

Durante os seis meses de treinamento diário, de 6 a 8 horas por dia, os atores foram conquistando facilidade crescente em trabalhar com os próprios sentidos, com o relaxamento muscular, com fantasmas de objetos, e com os materiais decorrentes das observações ativas de seu cotidiano e da recordação de situações experimentadas. Já realizavam ações genuínas e extremamente pessoais, com tempo dedicado à iniciação da evocação cada vez menor. No princípio do trabalho, a partitura de ações “inventadas” era discursiva e exteriorizada. A partir de todo esse trabalho preparatório sobre si mesmo, após o período de exercitação, quando se tornou habitual e fácil para o ator o uso dos sentidos, após o ator implicar nesse imaginário suas singularidades, as ações foram adquirindo veracidade. Esse processo deixou clara a necessidade do trabalho de preparação sobre si mesmo, anterior ao trabalho da encenação, para que o ator possa ampliar seus recursos sem perder a vivacidade que possuíam na origem, como se estivesse vivenciando de fato uma experiência aqui e agora no palco.”

 

Anna Paola Biadi Bicalho é Doutora em Artes (Artes Cênicas) pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, em 2015. O resultado da pesquisa - 11 vídeos que têm como objetivo facilitar a abordagem do processo criador da vivência, em Stanislavski - está disponível no Vimeo e no Youtube. Graduada em Letras, habilitação em Italiano, na UFMG, em 2007. Diretora e professora de artes cênicas. Trabalha em parceria com o diretor teatral Paulo César Bicalho. Trabalhou dois anos em Pontedera, Itália, no Pontedera Teatro, com Roberto Bacci e Annalisa DAmato. Foi diretora do Grupo Teatral Facamolada e coordenadora/professora do Programa de Teatro da Universidade Fumec, de 2003 a 2007. Na Fundação TV Rede Minas, dirigiu o programa Dango Balango e o Núcleo Infantil, criou e dirigiu o programa Ribalta (um programa sobre a história e o pensamento de personalidades que transformaram a cena teatral em Belo Horizonte), foi diretora e coordenadora de pauta do programa Agenda, além de dirigir e criar vários conteúdos para a TV. Atualmente, atua no cinema e audiovisual como diretora e realizadora.  

 

Foto: Acervo Pessoal

Última atualização: 07/07/2021

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