ÂNGELA MOURÃO
Direção:
"A Barrigada" (Cefar(t)) (2003)
"Antepenúltima Estação" (Cefar(t)) (2013)
Assistente de Direção:
"O Elogio da Loucura" (Cefar(t)) (1990)
"Radical Brecht" (Cefar(t)) (1999)
"A Vereda da Salvação" (TU) (2002)
"Cem Mil Derradeiros Instantes" (Cefar(t)) (2006)
"Fui professora do Cefart, de Expressão Corporal e Interpretação, de 1990 até 2017. Como diretora, realizei dois espetáculos na instituição:
Antepenúltima Estação (2013): O espetáculo Antepenúltima Estação, encenado pelos formandos do Curso Profissionalizante de Teatro do Cefart – Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado, se inspira em recortes dos contos do escritor mineiro Murilo Rubião, sob direção de ngela Mourão. Após voltar de uma residência artística na Europa, ngela Mourão já tinha uma ideia para propor aos formandos do Cefart. Ela chegou embalada por uma experiência muito interessante de espetáculo itinerante que construiu em Portugal e por isso voltou com a intenção de realizar o espetáculo do Cefar inspirado em Murilo Rubião, com um caráter itinerante para o público.
A escolha do local foi imprescindível para o sucesso da peça. Depois que voltei de viagem, da residência artística, fui rever a cidade. Passando pela Praça da Liberdade, vi a porta do Prédio Verde aberta e decidimos entrar. Saí de lá com a certeza de que havia encontrado o palco para o espetáculo. De acordo com a diretora, o prédio foi sede de instituições públicas, tema corrente na literatura de Rubião. Eu e os alunos-formandos encontramos o ambiente necessário para sediar ali nossa residência artística e trabalhar o realismo fantástico do autor, naquela repartição pública tão presente na obra de Rubião, com pé direito alto, salas amplas, janelas grandes e belos vitrais e afrescos. Como resultado, fizemos uma ocupação muito interessante no casarão, com as cenas distribuídas em vários espaços.
Narrativa entrecortada propõe uma reflexão sobre o espaço urbano, as relações humanas e o cotidiano. Tudo isso com um toque de realismo fantástico, característica marcante da obra de Murilo Rubião. Durante a encenação, para conhecer os personagens icônicos do autor, o público passeia pelos corredores e salões do casarão, onde se desenrolam as ações, com um banquinho portátil em mãos. Quem rege toda a trama é o personagem José Alferes, representando o escritor Murilo Rubião. Trata-se de um funcionário público que conduz o espectador pelos 14 ambientes em que foi dividido o segundo andar do Casarão, com destaque para um hotel, um consultório psiquiátrico, uma casa com girassóis vermelhos e uma delegacia. A adaptação do espetáculo foi coordenada por mim, que também me responsabilizei pelo texto final, e contou com a participação ativa dos 14 atores.
A Barrigada (2004): O espetáculo A Barrigada, fruto de profunda pesquisa sobre máscaras teatrais a partir das referências da Comédia Dell’Arte, pela qual a dramaturgia, bem como todas as máscaras foram construídas pelos próprios participantes sob minha direção, foi realizado no Parque Municipal, à noite, com todas as belezas e dificuldades que este projeto enfrentou, por seu caráter pioneiro e de tal envergadura, que levou a Comédia Dell’Arte para uma das praças do Parque. Não foi fácil convencer as instâncias superiores de ambas as instituições a abrir o portão que liga a Fundação ao Parque, carregar cadeiras, esticar fios e acender refletores, para a realização da temporada, ainda por cima à noite, com direito a público que chegou a mil pessoas por apresentação, carrinho de pipoca e quentão. Para mim, como diretora, junto com a equipe e os formandos envolvidos neste projeto, foi um movimento muito forte essa primeira incursão do Cefart no lindo entorno que o Palácio das Artes tem e do que somos afastados por cercas e portões fechados."
Ângela Maria Fusaro Mourão é Atriz e diretora, psicóloga (UFMG) e mestra em Literatura (PUC-Minas). Formada em dança pelo Transforma e em teatro pelo Oficina – Escola de Teatro. Fundadora e participante do Grupo Teatro Andante desde 1990, participando de todos os seus espetáculos: LAMA, Olympia, BarbAzul, A História de Édipo, Musiclown, Tauromaquia, Por um Triz e O Berro ou Como a Rádio Confusão Conta História de Princesa e Dragão, Palhaçadas Em Geral. Com seu solo Olympia, já se apresentou por todo o Brasil e em sete diferentes países. Coordenadora Geral e Curadora do Festival Internacional Via Dupla, realizado em abril de 2021.
Foto: Acervo Pessoal
Última atualização: 10/09/2021